Pragas urbanas são como visitantes indesejados que decidiram fazer da cidade o seu lar. Esses intrusos, muitas vezes pequenos, mas nem por isso menos problemáticos, incluem insetos, roedores e outros animais sinantrópicos que, de alguma forma, aprenderam a conviver e se beneficiar da presença humana.
A importância do controle dessas pragas vai muito além do incômodo causado por uma formiga teimosa na cozinha ou um rato sorrateiro nos cantos escuros. Pragas urbanas podem representar sérios riscos à saúde pública, uma vez que são veículos potenciais para a disseminação de doenças. Além disso, podem causar danos estruturais às edificações, comprometendo a segurança e a qualidade de vida dos habitantes urbanos.
O controle eficaz dessas pragas é essencial para preservar a saúde e a higiene das comunidades urbanas. A adoção de práticas adequadas de manejo, aliada ao uso responsável de agentes de controle, contribui para minimizar os impactos negativos desses invasores indesejados, promovendo ambientes mais seguros, saudáveis e confortáveis para todos.
Os roedores são caracterizados principalmente pela presença de dentes incisivos de crescimento contínuo, o que os leva a necessidade constante de roer para desgastar seus dentes. Como resultado, acabam danificando uma quantidade significativa de alimentos, muito além do necessário.
Esses animais têm hábitos noturnos, optando por sair de seus abrigos durante a noite para procurar alimento, uma estratégia que consideram mais segura.
Dotados de diversas habilidades físicas, como natação, escalada em locais altos com base de apoio, salto, equilíbrio em fios e mergulho, os roedores são adaptáveis a diferentes ambientes.
Sua fonte primária de alimentação é encontrada, principalmente, em resíduos domésticos. Ao farejar e provar alimentos, conseguem selecionar aqueles em boas condições e de seu agrado, demonstrando uma habilidade apurada de olfato e paladar. São classificados como onívoros, consumindo uma variedade de alimentos disponíveis para os humanos.
Nas áreas urbanas, é possível encontrar três espécies de ratos predominantes: Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculus.
A expectativa de vida média para ratazanas é de dois anos, para ratos de telhado é de um ano e meio, enquanto os camundongos vivem cerca de um ano. A capacidade reprodutiva inicia-se a partir do terceiro mês de vida, com um período de gestação médio de 19 a 22 dias. O número de filhotes por ninhada varia de 5 a 12, dependendo da disponibilidade de alimento e abrigo.
Os roedores urbanos desempenham um papel significativo na propagação de diversas doenças, como leptospirose, peste bubônica, tifo murino e salmoneloses, entre outras. Além disso, mordeduras desses animais são frequentes e podem resultar em complicações.
No Brasil, até o momento, as Hantaviroses estão associadas aos roedores silvestres.
A identificação da infestação por ratos pode ser realizada observando os seguintes sinais:
Fezes: A presença de fezes é um indicador importante da infestação, permitindo a identificação da espécie.
Trilhas: Caminhos bem marcados, com 5 a 8 cm de largura, geralmente próximos a muros, paredes, pilhas de materiais, tábuas e áreas gramadas.
Manchas de gordura: Deixadas em locais frequentados pelos ratos, como paredes e vigas.
Roeduras: Os ratos roem, mas não ingerem, materiais como madeira, cabos de fiação elétrica e embalagens de alimentos.
Tocas: Encontradas próximo ao solo, indicando infestação por ratazanas.
Medidas preventivas incluem práticas de desratização, tais como:
Acondicionamento adequado do lixo em sacos plásticos, em latas com tampas fechadas e limpas periodicamente.
Colocação do lixo na rua apenas no momento da coleta.
Evitar o descarte de lixo ao ar livre ou em terrenos baldios.
Armazenamento adequado de alimentos em recipientes fechados.
Inspeção regular de caixas de papelão, caixotes e outros objetos que possam servir de abrigo ou transporte para roedores.
Vedação de frestas ou vãos que possam servir como entrada para os ratos.
Utilização de telas, grelhas, ralos do tipo "abre-fecha" ou sacos de areia para impedir a entrada de ratos por meio de ralos e encanamentos.
Prevenção do acúmulo de entulho ou materiais que possam servir de abrigo para os ratos.
Manutenção da limpeza em terrenos baldios, mantendo-os murados.
Higienização regular de instalações de animais domésticos e proteção adequada da alimentação destes, especialmente durante a noite.
Vistoria periódica e manutenção de limpeza em garagens e sótãos.
Nas áreas urbanas, duas espécies de baratas são particularmente comuns: a barata de esgoto (Periplaneta americana) e a conhecida como baratinha, francezinha ou alemãzinha (Blatella germanica). Esses insetos são mais ativos durante a noite, saindo de seus esconderijos em busca de alimento.
As baratas têm hábitos alimentares diversificados, mostrando preferência por alimentos ricos em amido, açúcar e gordura. Além disso, podem se alimentar de celulose, como papéis, excrementos, sangue, insetos mortos, resíduos de lixo e esgoto. Um comportamento peculiar é regurgitar parte do alimento parcialmente digerido enquanto depositam fezes, ao mesmo tempo, em que se alimentam. Elas têm uma predileção por ambientes quentes e úmidos.
A barata de esgoto geralmente habita áreas com acúmulo de gordura e matéria orgânica, como galerias de esgoto, bueiros, caixas de gordura e de inspeção, e surpreendentemente, são excelentes voadoras.
Por outro lado, a barata francesinha é mais comum em cozinhas e despensas, ocupando espaços como armários, gavetas, interruptores de luz, eletrodomésticos, vãos de batentes, rodapés, sob pias, dutos de fiação elétrica, garagens e sótãos com depósitos de papel, especialmente caixas de papelão. Elas passam a maior parte do tempo, cerca de 75%, próximas aos alimentos.
A detecção de uma infestação por baratas ocorre por meio de sinais como fezes, otecas vazias, esqueletos ou cascas de ninfas que se transformaram em adultos. Em infestações mais intensas, as baratas podem ser observadas durante o dia, além de um odor característico.
Baratas depositam seus ovos em uma cápsula conhecida como ooteca. Essa oteca pode ser transportada pela fêmea até a proximidade da eclosão dos ovos (Blatella germanica) ou ser depositada em locais apropriados, como frestas, fendas, gavetas ou atrás de móveis (Periplaneta americana).
Cada ovo se desenvolve em uma ninfa que, por meio de várias mudas, se transforma em um inseto adulto. As ninfas, menores e sem asas, são sexualmente imaturas.
A barata francezinha tem uma vida média de aproximadamente 9 meses, colocando ovos cerca de 5 vezes durante sua vida, com uma média de 30 a 50 ovos por vez. Já a barata de esgoto vive entre 2 e 3 anos, depositando ovos de 10 a 20 vezes, com uma média de 12 a 20 ovos por oteca. A temperatura e umidade mais elevadas resultam em um menor tempo para a eclosão dos ovos.
Baratas domésticas desempenham um papel na transmissão de diversas doenças, especialmente gastroenterites, ao carregar agentes patogênicos em seu corpo, patas e fezes pelos locais que percorrem. São consideradas vetores mecânicos.
As medidas preventivas concentram-se no controle ambiental, visando interferir nas condições de abrigo e alimento desses insetos:
Realizar inspeções periódicas e minuciosas em caixas de papelão, caixotes, atrás de armários, gavetas e todo tipo de material que possa servir como transporte ou abrigo para baratas e suas crias.
Limpar completamente o ambiente e todos os pertences, incluindo fornos, armários, despensas, eletrodomésticos, coifas e áreas onde pode ocorrer acúmulo de gordura e restos alimentares.
Acondicionar o lixo em sacos plásticos dentro de latas devidamente fechadas e higienizadas.
Vedação de frestas, rachaduras e vãos que possam servir como abrigo.
Utilização de telas, grelhas, ralos do tipo "abre-fecha", sacos de areia ou outros dispositivos que impeçam a entrada desses insetos por meio de ralos e encanamentos.